Cuidado para não cair no golpe do imóvel invisível

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Um golpe comum durante as férias pode trazer uma dor de cabeça daquelas para o veranista descuidado. É assim: após negociar o aluguel de um imóvel anunciado em classificados, e depositar com antecedência parte do valor, o turista chega ao litoral e se depara ou com um endereço falso ou com um imóvel que não existe.
Uma aposentada que mora em Matinhos há 40 anos é uma das testemunhas da fraude. Só nesta temporada, cinco famílias relataram que haviam alugado a casa dela. O endereço é o mesmo e as vítimas garantem que viram as fotos do imóvel na internet. “Eles dizem que reservaram e depositaram o dinheiro, mas eu nunca aluguei minha casa, eu moro aqui”, diz a senhora, que não quis se identificar. Uma das famílias vinha de Assunção, no Paraguai. “Já tinham depositado R$ 600 na conta”, relata.
A recomendação é sempre verificar a idoneidade de quem negocia o serviço e, se possível, conhecer o imóvel com antecedência. Outra opção é fechar negócio com mediadores autorizados – corretores ou imobiliárias.
No litoral, cerca de 290 corretores e 50 imobiliárias prestam o serviço de aluguel diário, segundo dados da delegacia do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Paraná (Creci-PR) no litoral. O delegado na região, Valdemar Marques, orienta a busca por profissionais credenciados. “Não é uma garantia, mas aumenta a segurança. Quando é corretor credenciado, temos todas as informações sobre ele”, diz.
Alvo fácil
Durante a Operação Verão, o conselho realizou uma ação educativa, com distribuição de panfletos informativos sobre os cuidados nesses casos. O presidente do Creci-PR, Admar Pucci Júnior, afirma que 29 pessoas foram autuadas na temporada por exercer a profissão ilegalmente nas cidades do litoral.
O alto fluxo de turistas nos feriados da temporada pode aumentar a incidência dos casos, já que cresce a procura por hospedagem e ofertas de menor preço acabam atraindo as vítimas. Segundo o corretor de imóveis Carlos Ramos, de Guaratuba, na última virada do ano cinco famílias enganadas foram até a empresa. “Alguém tirou fotos dos nossos imóveis e colocou na internet. A pessoa chega aqui dizendo que já pagou”, conta.
No mesmo período, Welington Ferreira, gerente de uma imobiliária em Matinhos, atendeu dez famílias que sofreram o golpe e precisaram de um novo local para se hospedar. Porém, em cima da hora, fica difícil encontrar vagas. “No pico da temporada acontece mais, porque faltam imóveis. O golpista se aproveita porque a pessoa está desesperada”, afirma.
Outro cuidado importante na negociação é guardar todos os documentos e exigir contrato, mesmo quando se trata de poucos dias de aluguel.
Vítimas precisam registrar ocorrência
O golpe se enquadra nos crimes de fraude ou estelionato, conforme previsto no artigo 171 do Código Penal, e pode gerar de um a cinco anos de reclusão e multa. Desde o início da Operação Verão, a Polícia Militar registrou dez casos de estelionato e quatro casos de fraude, ou calote, segundo a porta-voz da Operação, tenente Caroline Costa. “Não quer dizer que todos sejam casos como este, mas com certeza houve ocorrências”, diz. De acordo com ela, o contrato ‘de boca’ é válido, mas dificulta que a vítima possa pedir seus direitos. “A recomendação é procurar uma imobiliária, ou se certificar da idoneidade do envolvido”, afirma.
Segundo o delegado da Polícia Civil coordenador da Operação Verão, Luiz Carlos de Oliveira, as vítimas acabam assumindo o prejuízo e não registram a ocorrência. “Nas férias, as pessoas acabam olhando anúncios com preços abaixo do normal, e só sabem que caíram no golpe quando chegam ao local”, diz. Na investigação, uma das dificuldades é o rastreamento da conta bancária do criminoso, que às vezes é aberta com documentos falsos.
Gazeta do Povo
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